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Potosi e as Minas - Bolivia
02 de Maio
"Esta ciudad condenada a la nostalgia, atormentada por la miséria y el frio, es todavia una herida abierta en el sistema colonial de America Latina; una acusacion. El mundo tendria que comenzar por pedirle disculpas"
Eduardo Galeano - "Las venas abiertas de America Latina"
Potosi. Outrora a maior e mais rica cidade do mundo. Maior que Paris, Londres ou mesmo Nova York! Pensem nisso.
05h00 - Praça 10 de Novembro
Para acordar...
Apesar do sono, nas 3 horas de espera para que a cidade acordasse, nao pregámos olho com tanto frio!
Está um frio impedoso, diferente daquele a que estamos habituados. Do terminal à Praça 10 de Novembro estao 8 pesos bolivianos de distância em taxi.
Entregamos o corpo a um banco de jardim e tentamos esquecer o frio, que nao nos deixa. Perdemos os olhos pela praça... O posto central da Policia, um restaurante, além uma rua calcetada... e toda a cidade dormida. Nada nem ninguém, para além do frio e do guarda no portao do posto central.
Temos a sensaçao de nao estar numa cidade da américa latina. Pela arquitectuta, pela limpeza, pelo silêncio e pela falta de gentes e movimentos. Comentamos isso e rimo-nos... Será que já nos estamos a habituar?
As horas avançam e a cidade ganha vida. Tarde para o normal numa cidade destas... É que o frio é mesmo impiedoso... No Inverno, as noites e as madrugadas congelam e os dias queimam... O sol está perto demais! A vida mostra-nos a cidade tipica das que estamos habituados... Sao as gentes, as gentes que fazem falta para caracterizar toda a história.

O equipamento para conhecer a mina está lá dentro, mas ninguém abre a porta... Nada como um bom arrombamento delicado com uma faca!

Que tal para mineiros?

Levamos ofertas para os mineiros que estao a trabalhar nas minas. Folhas de coca, tabaco, alcool, dinamite ou refrescos...
Potosi está a 4200m de altitude e é uma cidade com vida. Seca, fria e quente, no mesmo dia. Muito fria, muito quente, muito seca, muito alta. Porquê viver aqui? Porque aqui mesmo ao lado, quase dentro da cidade, houve, ainda há!, prata. Tanta! As montanhas vomitam prata todos os dias. Esse é o motivo para elevar uma cidade tao no céu!
Há 420 minas activas em Potosi. Algumas delas estao activas há mais de 400 anos e continuam a ter riquezas suficientes para a sobrevivencia de muitas familias... A febre da prata e do ouro, aprenderam-na há anos, com gentes que vinham do outro lado do mar. A Pacha Mama foi sendo esburacada. Dela arrancavam com furia pedras em carris pesados, donde tiravam os metais que tanta ganancia pareciam despertar. Trouxeram as pessoas de terras mais baixas para erguer a cidade e encarcerá-las nas minas. Saiam mortas, com as maos calejadas, os pulmoes rotos e a carne seca. As lendas dizem que se podia fazer uma ponte de Potosi até Espanha com os ossos das gentes que morreram dentro das minas. Os conquistadores foram expulsos, mas o ciclo já tinha sido criado... e estes ciclos sao dificeis de quebrar.

Dizem-nos que nao é alcool puro, que é aguardente. Mas nós cá ficámos com as nossas desconfianças que é alccol puro.
Potosí - Minas.

Nas minhas, actualmente, trabalham velhos, adultos e crianças. As crianças nao sao todas mandadas para as zonas mais profundas... As mulheres, trabalham naquelas que nao estao acessiveis a turistas. 10 anos a trabalhar numa zona profunda, arruinam a saude de qualquer um. Incapacitam e matam. 10 anos de uma vida a arrancar metal das entranhas de uma terra sofrida. Com as maos, com dinamite, com pás, com picareta... Com o sangue.
Dentro das minas, existe o Tio. Um género de diabo com um pénis gigante. Oferecem-lhe alcool, tabaco e folhas de coca (das que passam o dia a mascar, sem comer... pequenos e graudos, na mina nao se diferenciam idades, só postos sociais). É o deus. Adora-se a Pacha Mama. Mas cá fora, discretamente. Como se adora uma deusa cujas entranhas se estao a sugar e destruir?
Dentro das minas, respira-se respeito, solenidade. Frio, calor, humidade, pó, gases, ar... Tudo, na sua vez ou ao mesmo tempo. É bom entrar para conhecer... mas com muita dificuldade se projecta uma vida inteira a trabalhar lá dentro. Entrar e conhecer é maravilhoso... Sair e respirar cá fora... é um alivio.
Quantos anos de sangue guardará Potosí dentro do seu esquecimento?

Na entrada das minas o ambiente já se começa a sentir... diferente.

Pés de uma crianca com pouco mais de 10 anos!

Corpos marcados por trabalho continuo e pesado, num ambiente agressivo. Com o "equipamento" de protecçao menos adequado.

Cá fora, mesmo à entrada (ou saída) aquece-se água dentro de garrafas poisadas em cima de máquinas, para lavar as maos ao fim do dia quando se sai da mina. Afinal, estamos em Potosi a cidade mais alta do mundo.
A ultima luz... ao entrar.
O ambiente...
Assim se trabalha dentro da mina.
A dinamite está prestes a explodir, há que sair bem depressa do novo buraco, escavado para descobrir um novo filao.


Inspira, expira... A ameaça de claustrofobia nao irá vencer!!!
Para ver uma mina em condiçoes, há que subir e descer pelas "escadarias" que levam ás suas diferentes galerias. Cada nível tem 30 metros e nao há cá cordas para ng!
Subimos à galeria onde estavam a colocar a dinamite.
Trabalho delicado e interessante de se ver e aprender.
Por aqui, descemos 30 metros, para uma galeria mais abaixo... Desceu um grupo de 5 pessoas que, temos a certeza, nao fosse a pressao do grupo nunca o teria feito...

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1 Responses to “”

  1. # Blogger sonido campeon

    Excelente comentario del tinkuy.
    Excelente material fotográfico.

    Espero que se solucione todo.
    Avisen si pasan por Bs.As.


    Heii!!

    Mariano  

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