Patrocìnio Eurolist: Francisco Filipe ¨Bro¨
Ida para a Ilha do Sol - Bolivia
Para visitar a Ilha do Sol, resolvemos caminhar até yampupata.Aí, alugar um barco a remos até á ilha.
Tres horas de uma agradavel caminhada pela montanha e á beira do lago Titikaka. Deste lado as gentes sao mais agradáveis e abertas.
A caminhada, como todas as caminhadas em altura, pode ser cansativa, especialmente nas subidas. Ora... Estávamos nós, justamente, sentados numa pedra a recuperar o folego (que volta ato depressa como se vai, é o bom da altitude), a tentar fazer contas aos kms galgados, a roer glicerideos e hidratos de carbono... Quando nos aparece um jovem nativo, nascido de baixo de uma pedra, ou pelo menos assim nos pareceu.
O jovem caminhou em direcçao a nós de chuteiras nos pés, calças de ganga largas, t-shirt de mangas compridas azul escura e t-shirt vermelha por cima. De capuz. Com Ronaldinho escrit no peito.
¨De que pais amigos?¨ - perguntou-nos com um á vontade grande... um pouco despropositado.
Que nos vem tentar vender este aqui no meio?! Serviços de guia? Nao! Barco!... Transporte até á ilha do Sol. Vem caçar turistas ali, mas o negócio está fraco que nao há muitos que vao por ali... Vao todos de ferry, de Copacabana directos á ilha.
20 pesos bolivianos cada um. O barco? Está já ali! Vamos pois!
O ¨Já ali¨ acabou por se revelar uma hora de marcha á beira do lago. Chama-se Ivan, tem 15 anos, o barco é dele e rema há um ano pelo lago.
Finalmente chegados ao barco... O festival começa. Ajuda para empurrar o barco, afastá-lo de terra e entregá-lo á água. Ajuda para remar. A viagem, agradável, mas mais lenta que os planos do petiz que, ainda assim, estava a ter uma grande ajuda que duvidamos que tenha muitas vezes...
As nuvens nao perdoaram e começaram a cerrar-se por cima de nós... Indiferentes, fizeram como sempre fazem todos os dias...
A frequencia com que o Ivan ajeitava o chapéu aumentou consideravelmente. Poisava os remos do seu barco. Para descansar. Protegeu as maos por causa das bolhas, com panos brancos. As bolhas ainda o atormentariam um ano depois de remar todos os dias?
Começamos a interrogar-nos quantas vezes teria o pobre e cansado Ivan feito aquela viagem...
Uns metros mais á frente, o sol baixou por entre as nuvens escuras e compactas por cima da ilha.
Demos por nós no meio do lago, a chover, de noite, com frio e vento, com relampagos a enfeitar o céu aqui e ali e uma trovoada que parecia soltar-se e ecoar em stéreo... Um espectáculo imponente aumentado com a ondulaçao do lago, que já iniciava a ceder aos caprichos do vento.
O Pedro, remava... Eu, tirava fotos (fui afastada do remo porque nao estava a desenvolver trabalho á velocidade necessária para a situaçao). E o Ivan?...
Pois... O Ivan ajeitava o boné e olhava perdido para a ilha...
¨El porto Ivan?¨ Ali, já ali. E abanava a mao para a zona da ilha.
Muitas remadelas depois e miradas perdidas para a ilha, o petiz acabou por nos deixar atracados longe do porto devido (viriamos a descobrir mais tarde!), numas ruinas que já estavam fechadas áquela hora.. Cercadas e encerradas por arame farpado. Nada que nao se resolvesse com umas boas gargalhadas e uma ginástica ligeira para passar a cerca. Subimos uma hora molhada pelo meio da escuridao absoluta que se fazia sentir até encontrarmos as primeiras casas.
O Ivan... voltou a remar para a sua terra na margem do continente. Lembrámo-nos dele mais tarde, enquanto rebentavamos as nossas bolhas das maos... Já teria chegado? O melhor que poderia fazer, para nao remar tanto tempo na tempestade, era deixar o barco na primeria ponta do continente e caminhar o resto até casa... Mas, certamente, teria de ouvir (e talvez sentir) os pais quando chegasse a casa tarde e sem o barco. Sim, porque para nós, o Ivan gosta de mentir um bocadito... e o barco nao era dele, mas dos pais.
Ida para a Ilha do Sol - Bolivia
Para visitar a Ilha do Sol, resolvemos caminhar até yampupata.Aí, alugar um barco a remos até á ilha.
Tres horas de uma agradavel caminhada pela montanha e á beira do lago Titikaka. Deste lado as gentes sao mais agradáveis e abertas.
A caminhada, como todas as caminhadas em altura, pode ser cansativa, especialmente nas subidas. Ora... Estávamos nós, justamente, sentados numa pedra a recuperar o folego (que volta ato depressa como se vai, é o bom da altitude), a tentar fazer contas aos kms galgados, a roer glicerideos e hidratos de carbono... Quando nos aparece um jovem nativo, nascido de baixo de uma pedra, ou pelo menos assim nos pareceu.
O jovem caminhou em direcçao a nós de chuteiras nos pés, calças de ganga largas, t-shirt de mangas compridas azul escura e t-shirt vermelha por cima. De capuz. Com Ronaldinho escrit no peito.
¨De que pais amigos?¨ - perguntou-nos com um á vontade grande... um pouco despropositado.
Que nos vem tentar vender este aqui no meio?! Serviços de guia? Nao! Barco!... Transporte até á ilha do Sol. Vem caçar turistas ali, mas o negócio está fraco que nao há muitos que vao por ali... Vao todos de ferry, de Copacabana directos á ilha.
20 pesos bolivianos cada um. O barco? Está já ali! Vamos pois!
O ¨Já ali¨ acabou por se revelar uma hora de marcha á beira do lago. Chama-se Ivan, tem 15 anos, o barco é dele e rema há um ano pelo lago.
Finalmente chegados ao barco... O festival começa. Ajuda para empurrar o barco, afastá-lo de terra e entregá-lo á água. Ajuda para remar. A viagem, agradável, mas mais lenta que os planos do petiz que, ainda assim, estava a ter uma grande ajuda que duvidamos que tenha muitas vezes...
As nuvens nao perdoaram e começaram a cerrar-se por cima de nós... Indiferentes, fizeram como sempre fazem todos os dias...
A frequencia com que o Ivan ajeitava o chapéu aumentou consideravelmente. Poisava os remos do seu barco. Para descansar. Protegeu as maos por causa das bolhas, com panos brancos. As bolhas ainda o atormentariam um ano depois de remar todos os dias?
Começamos a interrogar-nos quantas vezes teria o pobre e cansado Ivan feito aquela viagem...
Uns metros mais á frente, o sol baixou por entre as nuvens escuras e compactas por cima da ilha.
Demos por nós no meio do lago, a chover, de noite, com frio e vento, com relampagos a enfeitar o céu aqui e ali e uma trovoada que parecia soltar-se e ecoar em stéreo... Um espectáculo imponente aumentado com a ondulaçao do lago, que já iniciava a ceder aos caprichos do vento.
O Pedro, remava... Eu, tirava fotos (fui afastada do remo porque nao estava a desenvolver trabalho á velocidade necessária para a situaçao). E o Ivan?...
Pois... O Ivan ajeitava o boné e olhava perdido para a ilha...
¨El porto Ivan?¨ Ali, já ali. E abanava a mao para a zona da ilha.
Muitas remadelas depois e miradas perdidas para a ilha, o petiz acabou por nos deixar atracados longe do porto devido (viriamos a descobrir mais tarde!), numas ruinas que já estavam fechadas áquela hora.. Cercadas e encerradas por arame farpado. Nada que nao se resolvesse com umas boas gargalhadas e uma ginástica ligeira para passar a cerca. Subimos uma hora molhada pelo meio da escuridao absoluta que se fazia sentir até encontrarmos as primeiras casas.
O Ivan... voltou a remar para a sua terra na margem do continente. Lembrámo-nos dele mais tarde, enquanto rebentavamos as nossas bolhas das maos... Já teria chegado? O melhor que poderia fazer, para nao remar tanto tempo na tempestade, era deixar o barco na primeria ponta do continente e caminhar o resto até casa... Mas, certamente, teria de ouvir (e talvez sentir) os pais quando chegasse a casa tarde e sem o barco. Sim, porque para nós, o Ivan gosta de mentir um bocadito... e o barco nao era dele, mas dos pais.




















Etiquetas: América do Sul, Bolivia, Caminhada, Copacabana, Ilha do Sol, Imprevistos, Lago Titicaca, Viagem
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