Patrocìnio Eurolist: Pedro Carrilho

Choro Trek (Montanha ou Selva??)- Bolivia



Já nos passaram alguns caminhos pelos pés e pelos olhos... Nao os mesmos aos dois, porque os nossos passos nem sempre foram os mesmos. Mas, tanto para um como para outro, este foi o caminho mais bonito e variado que fizemos.

Em termos de dificuldade, nao é nada do outro mundo (diriamos mesmo fácil). No primeiro dia tivemos umas 2 horitas de subida, até ao passo de 4900m. A partir daí, é só a descer. Mas com atençao aos pézinhos, que os tornozelos gostam de se torcer em terrenos com pedras e descidas como aquele. Durante 3 dias (ou 4, depende de como se planeie), vê-se a paisagem a mudar de montanha para selva, com uma transiçao de filme!!! Encontram-se povoaçoes nos sitios mais isolados e impressionantes... E a paz é aterradora.

O único senao, para quem nao está habituado a caminhar muito carregado, é a duraçao... Para fazer o caminho independente, há que levar tenda (porque a primeira noite é passada em zona de montanha e áquela altitude quando sol desaparece fica fresquinho...), comida e equipamento para selva e montanha...

O repelente... O repelente é uma peça fundamental nesta caminhada. Mais nao seja para alivio mental.... Porque os mosquitos que se encontram no caminho sao altamente terroristas e adoram repelente. Problema que existiu em toda a sua força no ultimo dia, em que caminhamos 2 horas... mas ficámos como um passador!


A estátua do Cristo em La Cumbre! Local de partida da famosa estrada da morte e desta nossa nova aventura! A vista é de cortar a respiraçao!


E assim começámos a caminhar... literalmente sem destino e com quase única referencia a nossa bússola apontada a Noroeste!

As manadas de lamas e seus pastores em trânsito confirmaram-nos que esta rota ainda é, nos dias de hoje, utilizada como principal artéria de ligaçao entre os Yungas e a capital! Nomeadamente para os menos abastados e que vivem segundo costumes já muito esquecidos pela nossa sociedade.

Para trás iam ficando os "La Cumbre", os lagos e sem dúvida todo e qualquer traço de civilizaçao...

E foi pelo meio destas magníficas gargantas da terra que nos embrenhámos, perdidos do mundo do século XXI, durante 4 dias!

Até parecia um caminho a princípio, mas rapidamente constatámos que nem um Jeep poderia circular ali... Por estas paragens, só mesmo a duas ou quatro patas.


Uma pequena pausa... Neste caso nao com Kit Kat!! Mas com Snickers!! De uma série limitada que eles têm por aqui que é simplesmente delicioso... Sobretudo quando acompanhado por uma paisagem como esta.

"Excava el pozo antes de q' tengas sed" .
Pela noite provámos o duro frio dos Yungas: -4 ou abaixo estiveram durante a noite!
Durante o dia a temperatura subia aos trintas e picos! Talvez daí os escritos peñas paredes.





Com um monte de ideias e projectos, tornámo-nos um bocadinho mais assíduos das filmagens de novo. Já só temos 3 k7's vazias... Mas vao ter de chegar.

8h da manhä! O calor já nos torrava dentro da tenda, e a lua parecia nao se resignar a por-se!

Talvez por isso tenha surgido a ideia de a empurrar um bocadinho! E assim lá a escondemos atrás das montanhas por umas horas.

Como já vem a ser hábito... O material começa seriamente a dar os sinais do tempo! Já nem a fita americana conseguiu segurar estes dois bocados de óculos até ao fim desta aventura.

1 dia e algumas horas depois encontrámos os primeiros seres da nossa espécie. Estes mais jovens assustam-se ainda um pouco com a nossa presença! Os que nao se assustam já foram "educados" por outros ocidentais a pedirem a esmola costumeira.

A passagem da montanha para a selva parecia misticamente dividida por uma bruma constante que parecia subir e descer como as marés!

A montanha começou a tornar-se verde...

...e pouco depois entrávamos na misteriosa bruma.
Para nos orientar-mos contávamos com umas breves descriçoes de um livro, uma bússola, um altímetro e um caminho Inca mais ou menos óbvio de seguir. COnsta que existem relatórios de alguns assaltos por aqui... Mas a verdade é que vimo muito poucas almas nos 4 dias de caminhada.

Cha'llapampa! Uma ermo perdido no meio do nada! A dias de caminhada por entre montes e vales, arbustos e selva! A água escasseava e resolvêmos tentar comprar... Uma senhora que falava unicamente em Quechua lá se conseguiu explicar que queria 12 Bolivianos por uma garrafa! 3 vezes mais que o preço normal! Resolvemos nao pactuar e a partir deste dia iamo-nos abastecendo das imensas nascentes que a selva nos ia proporcionando. Deliciosa! Melhor que muitas engarrafadas!

Passámos a primeira ponte suspensa! Mas das antigas já quase nao se vêem! Estas sao sem dúvida o único testemunho da engenharia dos tempos modernos! Ou pelo menos lá perto!
Estas sao o testemunho ainda dos tempos que já nao se recordam!


E a bruma foi-nos acompanhando durante quase uma jornada... Até que acabou por dar lugar a uma chuva muito miudinha que se confundia com orvalho e que entrava até aos ossos!

E fomos tomando os conselhos que nos iam surgindo de tempos a tempos... Dando corda aos sapatos, pois o plano de 2, 3 dias já se estava a alongar para 4 e se nao nos despachasse-mos para 5!

A vegetaçao foi-se serrando... E a selva parecia começar a querer engolir o caminho e a nós com ele!

Mais uma... Todas exactamente com a mesma construçao! Como se fosse um franchising das pontes! Talvez uma obra de caridade do governo para com aqueles que têm de percorrer estes trilhos sempre que querem visitar a família!

No fim do terceiro dia caminhámos até ao anoitecer... Numa esperança vä de chegar a um dito campo S. Francisco... Que mais tarde descobrimos estar ainda a horas de onde resolvêmos pernoitar. A noite, e os sonoros ruídos da selva aconselharam-nos a montar a tenda no primeiro sítio que encontrámos! Por sinal, um dos melhores das últimas horas!
Pela manhä, a quantidade de verde enchia metade do nosso campo de visao! A outra metade era azul de um céu agora bem descoberto da bruma do dia anterior!


Sem água para beber ou fazer leite diluçido, pusémo-nos ao caminho logo pela manha! Foi preciso uma curta mas bem dura hora até chegar-mos ao primeiro rio! Aqui bebemos, fizémos leite para os cereais e até quase começámos a tomar banho... Nao fosse a temperatura que nos dissuadiu prontamente!

Esta nao era do tamanho de pratos de jantar!! Mas as nuvens de borboletas que haviam pareciam mágicas quando as atravessávamos.

Chegámos finalmente a S. Francisco... E nais tarde a um outro aglomerado de umas 2 casas! Esta menina perdida da selva... Parecia querer acompanhar-nos de volta à civilizaçao! A mae ainda nos disse que a levássemos... Um pouco em tom de brincadeira... Um pouco (pareceu-nos)
em tom sério! talvez numa esperança de um futuro mais risonho para a sua filha!
E lá nos fomos deixando comer pela selva serrada e pelos seus mosquitos cada vez mais numerosos e suicídas! Estes já nem o repelente respeitam!


Um espécimen de flor bem estranho que encontrámos por lá...


Depois de S. Francisco, as nossas ânsias viraram-se para uma suposta casa de um eremita japonês que se mudou para cá há umas dezenas de anos! Foi em väo que as horas foram passando... A cada vislumbre de construçao parecia já termos miragens do japonês! Mas ainda nao tinha sido desta...

A casa do Japonês lá apareceu finalmenter ao fim de mais uns milhares de passos! A surpresa foi que já nao se encontrava sozinha.... QUe o Japonês já nao deixava montar tendas gratuitamente... E que só naquela zona já viviam umas 25 pessoas! A verdade é que já nos sentiamos a aproximar da civilizaçao de novo!

O albergue Urpuma oferece as condiçoes mais luxuosas que se poderiam esperar (ou nao!!) de encontrar no mneio da selva. 65 bolivianos por pessoa por noite! Só é preciso é caminhar umas 3 horitas a pé para lá chegar (em senido contrário ao nosso) ou alugar um burro ou cavalo! Turismo para excêntricos... Pensámos nós! Mas seguramente vale a pena pela calma que se pode encontrar naquele lugar.

Neste dia ainda descemos até á aldeia de Chairo... Infelizmente já nao é o que vem nos livros ou que se contava. Parece uma colónia onde os magnatas de La Paz vao fazer as suas moradias de fim de semana ou férias e a partir daqui já nem sequer existe o antigo trilho. Uma estrada de terra levou-nos até uma estrada principal de onde apanhámos transporte para La Paz!

Regresso a La Paz. Seguindo o conselho de uns viajantes que conhecemos na montanha resolvemos ir espreitar e provar o magnífico, divinal, abundante pequeno almoço buffet do Hotel Rosario! E garantimo-vos que saímos quase a rebolar com a quantidade de tudo que devorámos durante uma boa hora! Vejam lá que saímos de lá ás 11 da manhä e à hora de escrita deste comentário (18:15) ainda nao comemos mais nada!!!


- Ora bem!!! POr onde é que vou começar!?? Pela fruta? Pelos ovos mexidos? Pelos sumos? A fruta com yogurte e cereais ou o pao integral com manteiga e doce!???? Hummm?? Na sei!!!

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