Uma Reflexão De Vagarinho
Passou rápido. Demais? Não conseguimos responder.
Como em todas as experiências, não somos as mesmas pessoas que partiram de Lisboa. Na essência, somos os mesmos, mas reforçados, mais fortes. À medida que os quilómetros se íam somando, a cabeça ía crescendo, as medidas que avaliam a realização tornaram-se escusadas e reduzidas para serem por nós utilizadas.
Crescemos. Muito. Individualmente. Os dois juntos. Nuns dias, mais que noutros. Mas nalguns dias, tanto, tanto... que só de recordar o peito aperta a alma e espreme uma lágrima teimosa. Uma atrás da outra.
Isto é viajar. Tudo é viajar. Só o fizemos de uma forma óbvia. Isto foi viver. Viajar assim, é escolher o essencial, ter capacidade para o fazer, e partir de mochila ás costas com vontade de mundo. É fazer casa de uma noite numa residêncial boa, má ou mais ou menos. Num autocarro, numa estação. É conhecer o mundo e a nós mesmos, É ver culturas e entrar nelas. É respirar pessoas diferentes. Que falam Quechua, que falam Aimari, que falam Espanhol, Francês, Inglês, Alemão... É aprender... É absorver. É reflectir. É reagir sem pensar. É rir, chorar. É partir e chegar. É ter saudades. É viver. Por vezes, sobreviver.É sentir o instinto de sobrevivência, aqui e ali. É movermo-nos, diariamente, por ventos peregrinos e imperativos de movimento.
É uma das coisas mais realizantes do mundo... Pode ser, também, a mais dificil, a mais desesperante... Dormir pouco, procurar local para dormir (barato, hoje com água quente, que estamos a ficar doentes...) numa zona não muito perigosa, programar a viagem do dia seguinte... Tratar de procurar bem... Não queremos pagar o dobro do preço mais barato que poderíamos encontrar. Chegar durante a noite a cidades que, ouvimos de dezenas de bocas, são perigosas... Ter febres altas. Diarreias. Saber dizer que não num sitio desconhecido onde insistem que sim, que tem de ser como dizem. Aqui e ali... discordarmos um com o outro e conversar até ao entendimento.
Uma série de coisas que vivem sem se dar conta. Situações que, a grande parte delas, se resolvem em andamento, de modo fluido e sem dramas.
Longe de tudo o que nos é tido como conhecido e familiar, a cabeça cala-se, só escuta. Só fala para nos dizer coisas realmente importantes. Definem-se algumas certezas: de pessoas, de locais, de ocupações. Alinham-se os ponteiros da bussola e o que é realmente importante cola-se à frente do ponteiro... O norte está de novo alinhado. O corpo exausto e a mente a necessitar de sossego para aceitar e digerir tudo o visto, sentido, aprendido... e... no entanto... doce ironia!!! Nunca as energias foram tantas para pôr em marcha os planos e projectos que vieram com estas certezas (poucas, mas certas).
Passámos por portas sagradas, onde passam os primeiros raios do sol (desde há séculos atrás) de amanhaceres mágicos, dormimos em praias desertas, marchámos sobrte Machu Picchu, caminhámos sobre neve (e dentro dela), pelo meio de montanhas de cordilheiras miticas, em areias de praias de reservas naturais, em desertos, em desertos de sal... Conhecemos pessoas dos 4 cantos do mundo... e pessoas que nunca tinham saído da sua aldeia.
Tivemos medo. Da guerrilha. De acidentes rodoviários. De nós. De ser assaltados. Chorámos, por vezes. Rimos, muito! Sorrimos, quase sempre. Vimos o milagre de crianças a rir no meio de miséria absoluta. Segurámos na testa de uma mulher a morrer. E crescemos... Tanto...
Agora, voltámos. E "voltar" é uma palavra que se pode encher de significados...
Agradecemos a todos, todos! Os que nos ajudaram, com pensamentos positivos, com palavras de apoio, com criticas (sempre que foi altura de as fazer), com visitas ao blog, com material, com a confiança que depositaram em nós e no nosso projecto... com amor... com carinho... com amizade.
Agradecemos, do fundinho dos nossos seres carregadinhos de coisas boas (novas e antigas). Hoje, com palavras, mas acreditem, que o fizémos todos os dias, com pensamentos.
Que les vaya bien!!! Hasta pronto!
Passou rápido. Demais? Não conseguimos responder.
Como em todas as experiências, não somos as mesmas pessoas que partiram de Lisboa. Na essência, somos os mesmos, mas reforçados, mais fortes. À medida que os quilómetros se íam somando, a cabeça ía crescendo, as medidas que avaliam a realização tornaram-se escusadas e reduzidas para serem por nós utilizadas.
Crescemos. Muito. Individualmente. Os dois juntos. Nuns dias, mais que noutros. Mas nalguns dias, tanto, tanto... que só de recordar o peito aperta a alma e espreme uma lágrima teimosa. Uma atrás da outra.
Isto é viajar. Tudo é viajar. Só o fizemos de uma forma óbvia. Isto foi viver. Viajar assim, é escolher o essencial, ter capacidade para o fazer, e partir de mochila ás costas com vontade de mundo. É fazer casa de uma noite numa residêncial boa, má ou mais ou menos. Num autocarro, numa estação. É conhecer o mundo e a nós mesmos, É ver culturas e entrar nelas. É respirar pessoas diferentes. Que falam Quechua, que falam Aimari, que falam Espanhol, Francês, Inglês, Alemão... É aprender... É absorver. É reflectir. É reagir sem pensar. É rir, chorar. É partir e chegar. É ter saudades. É viver. Por vezes, sobreviver.É sentir o instinto de sobrevivência, aqui e ali. É movermo-nos, diariamente, por ventos peregrinos e imperativos de movimento.
É uma das coisas mais realizantes do mundo... Pode ser, também, a mais dificil, a mais desesperante... Dormir pouco, procurar local para dormir (barato, hoje com água quente, que estamos a ficar doentes...) numa zona não muito perigosa, programar a viagem do dia seguinte... Tratar de procurar bem... Não queremos pagar o dobro do preço mais barato que poderíamos encontrar. Chegar durante a noite a cidades que, ouvimos de dezenas de bocas, são perigosas... Ter febres altas. Diarreias. Saber dizer que não num sitio desconhecido onde insistem que sim, que tem de ser como dizem. Aqui e ali... discordarmos um com o outro e conversar até ao entendimento.
Uma série de coisas que vivem sem se dar conta. Situações que, a grande parte delas, se resolvem em andamento, de modo fluido e sem dramas.
Longe de tudo o que nos é tido como conhecido e familiar, a cabeça cala-se, só escuta. Só fala para nos dizer coisas realmente importantes. Definem-se algumas certezas: de pessoas, de locais, de ocupações. Alinham-se os ponteiros da bussola e o que é realmente importante cola-se à frente do ponteiro... O norte está de novo alinhado. O corpo exausto e a mente a necessitar de sossego para aceitar e digerir tudo o visto, sentido, aprendido... e... no entanto... doce ironia!!! Nunca as energias foram tantas para pôr em marcha os planos e projectos que vieram com estas certezas (poucas, mas certas).
Passámos por portas sagradas, onde passam os primeiros raios do sol (desde há séculos atrás) de amanhaceres mágicos, dormimos em praias desertas, marchámos sobrte Machu Picchu, caminhámos sobre neve (e dentro dela), pelo meio de montanhas de cordilheiras miticas, em areias de praias de reservas naturais, em desertos, em desertos de sal... Conhecemos pessoas dos 4 cantos do mundo... e pessoas que nunca tinham saído da sua aldeia.
Tivemos medo. Da guerrilha. De acidentes rodoviários. De nós. De ser assaltados. Chorámos, por vezes. Rimos, muito! Sorrimos, quase sempre. Vimos o milagre de crianças a rir no meio de miséria absoluta. Segurámos na testa de uma mulher a morrer. E crescemos... Tanto...
Agora, voltámos. E "voltar" é uma palavra que se pode encher de significados...
Agradecemos a todos, todos! Os que nos ajudaram, com pensamentos positivos, com palavras de apoio, com criticas (sempre que foi altura de as fazer), com visitas ao blog, com material, com a confiança que depositaram em nós e no nosso projecto... com amor... com carinho... com amizade.
Agradecemos, do fundinho dos nossos seres carregadinhos de coisas boas (novas e antigas). Hoje, com palavras, mas acreditem, que o fizémos todos os dias, com pensamentos.
Que les vaya bien!!! Hasta pronto!
Impressionante este vosso relato. Foi com certeza uma experiência do outro mundo. Ainda não tive oportunidade de o ler todo mas vou faze-lo com certeza. Espero ter oportunidade um dia de poder fazer algo semelhante por um tempo tão prolongado. Despedir-me do emprego e ir à aventura...
Ricardo (o amigo do Rui Pedro que vai para as Indias)
P.S.: se quiserem aparecer por la para mais umas aventuras, desta vez pela asia, já sabem que têm casa em Nova Deli
Beijos e abraços